Ouça o áudio: Riacho Salgado - STO
O Riacho Salgado teve um papel fundamental na formação histórica da cidade de Santo Estevão. Pode-se dizer que foi ali que nasceu a civilização santo-estevense. Suas águas, embora salobras, eram suficientemente potáveis para matar a sede da população. Esse manancial era resistente ao tempo: nunca secava, nem mesmo durante as piores secas. Isso garantiu que a comunidade que se formou ao seu redor jamais precisasse migrar por falta d’água.
O povo buscava no riacho a água necessária para beber, cozinhar, cuidar da higiene pessoal e limpar casas e utensÃlios. Havia uma represa de cimento que criava um pequeno lago. Era lá que as pessoas se banhavam — não mergulhando, pois isso era proibido, mas lançando a água sobre o corpo. Existiam dois banheiros, um masculino e um feminino, ambos sem cobertura. Ainda assim, prevalecia o respeito mútuo e o valor à privacidade.
Abaixo da represa, blocos de cimento serviam como apoio para as lavadeiras, que ali limpavam roupas próprias ou de terceiros, ganhando algum dinheiro para sustentar suas famÃlias. Também era comum o trabalho dos aguadeiros — pessoas que vendiam a água do Salgado de porta em porta. Quando não a carregavam na cabeça, transportavam-na no lombo dos animais. Naquela época, por volta de 1903, nenhuma residência contava com cisterna, e o riacho era a única fonte de água para todos.

